
XI Mostra de Extensão da UNIVASF, UNEB e IFBA: Que resultados e impactos deseja alcançar os projetos de extensão da UNEB Campus VIII?
Por: Bruna Graziela Cordeiro – 28 de Fevereiro de 2017


A XI Amostra de Extensão em Paulo Afonso da UNIVASF (Universidade do Vale do São Francisco) se tratou-se de uma parceira com a UNEB (Universidade do Estado da Bahia) Campus VIII e o IFBA (Instituto Federal da Bahia), no período de 17 a 19/02. Na programação debates, apresentações orais de projetos de extensão e visitas ao Povo Indígena Tuxá de Rodelas. O evento além de promover a experiência in loco também contou com a presença de representantes institucionais como a Diretora do Campus VIII – Suzana Menezes, Maria Celeste, representante da Pró-reitoria de Extensão – PROEX/UNEB, do Secretário Municipal de Educação de Paulo Afonso- Severino Alves de Oliveira Lima, do Diretor do IFBA Paulo Afonso - Profº Arleno José de Jesus.
Durante o evento foram discutidos temas importantes, no que cerne o desenvolvimento socioambiental das universidades públicas, considerando a conjuntura econômica atual. Nos últimos anos, tem-se visto o crescimento de estudos relativos ao desenvolvimento de social do conhecimento cientifico, porém 90% da alocação de recursos financeiros ainda são destinados a chamada hard sciences (física, química, matemática, bioquímica, etc), na medida em que as instituições buscam a transformação de dados em soluções concretas. No portal do CNPQ é visível essa afirmativa, na medida em que a maioria volta-se para a tentativa de fortalecer a interação entre as universidades, porém visando a formação de grupos de pesquisas em modelagem do sistema terrestre.

As novas perspectivas demandam das instituições a percepção sobre o atual estado destes sistemas terrestres, sua fragilidade diante das mudanças climáticas, bem como a disseminação pública dos cenários climáticos e dos usos da terra, neste sentido, os editais visam viabilizar estudos de impactos, riscos e adaptação as mudanças ambientais globais. Assim, que resultados almejam alcançar os projetos de extensão da UNEB? A valorização da pesquisa social é responsabilidade do pesquisador, no sentido de que cabe a este e a instituição financiadora acompanhar a rigorosidade das etapas de investigação, bem como disseminar o alcance das metas e a criação de indicadores de impactos.
A diretora da UNEB Campus VIII, Suzana Menezes, que recepcionou este evento, afirmou que “a UNEB tem se esforçado para cumprir sua missão extensionista enquanto articuladora dos estudantes oriundos de povos e comunidades tradicionais situadas nesta região, bem como ao fortalecer as ações do OPARÁ – Centro de Pesquisa em Etnicidades, que atualmente dialoga com os indígenas de toda a Bahia através dos seus Núcleos em Paulo Afonso, Juazeiro e Euclides da Cunha e do Projeto Saberes Indígenas na Escola da SECADI - Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão do MEC – Ministério da Educação.
De acordo com Maria Celeste (PROEX/UNEB) a visita ao Povo Tuxá foi relevante, na medida em que existiu a escuta a partir da visão realista sobre como os índios sertanejos estão vivendo. “As Pró-Reitorias de Extensão tem responsabilidade fundamental no desenvolvimento destas comunidades, que estão ainda em processo de se inclusão, enfrentando dificuldades diárias para manter sua cultura dentro de uma educação globalizante”.
O Cacique Bidu, da Tuxá Aldeia Mãe, como é denominada, colocou também a trajetória de resistência territorial e identitária de seu povo, desde a perda do seu território originário “onde existia nossos antepassados, nossos locais sagrados, nossa biodiversidade, enfim de nossa cultura” no ato de criação das barragens pela CHESF e que a vida se tornou muito difícil, principalmente pelas regras impostas como a proibição de não poder plantar em sua nova terra.
Mayra Apako (Diretora da Escola Indígena Capitão Francisco Rodelas) levantou a importância de ofertar uma educação diferenciada e contextualizada, “a escola conta com o quadro de docentes 100% indígena, e pretende continuar trabalhando duro para preservar o título de melhor Escola Indígena da Bahia, que recebeu em 2016, fazemos uma educação de Tuxá para Tuxá, nós não temos terra, então o aprendizado deve ter o envolvimento da comunidade que tem muita vontade de realizar”. A professora Tayra Ca Arfer falou que “as dificuldades encontradas são muitas, principalmente quanto às licenciaturas e o magistério indígena, tendo em vista as dificuldades físicas para deixar as aldeias por muitos dias, porém o diálogo tem sido feito e tanto a UNEB Campus VIII quanto o Opará tem-se colocado como espaço de afirmação e de apoio”.
A liderança Hawaty Arfer Jurum falou que a parceria institucional fortalece a causa, a luta e a imagem das instituições, tendo em vista o cenário mundial, relatórios da ONU (organização das Nações Unidas) tem apontado tentativas de genocídio, através da negligência com que o Governo Brasileiro tem quebrado acordos internacionais ao ignorar seu papel perante a manutenção da biodiversidade, “em sua luta o Povo Tuxá tem construído o diálogo com diversas instituições, tivemos que resistir e tornar visível as causas dos índios do Nordeste, quando foi dito que aqui não existia mais índio. A CHESF tem negado que tenha pendência com o Povo Tuxá, quando sabemos que isso não é verdade, então a luta é diária e precisa de parceiros fortes como são estas instituições”.
Dentre as atividades da PROEX também houve a visita as instalações do Opará, que fica localizado no Campus VIII, no anexo: Caminhos da Caatinga, no momento a equipe apresentou as linhas de pesquisa, as publicações, a Revista Opará e o site. De acordo com a coordenadora Floriza Sena, “o apoio da PROEX é imprescindível tendo em vista que existem comunidades ainda não atendidas pela Universidade, como é o caso dos Povos de Terreiro e os remanescentes Quilombolas, para além de recursos financeiros, é preciso existir a vontade política não só das universidades, mas da parceira entre os segmentos sociais”.

