

Floriza Sena
Ensino Superior de Excelência para pobre, negro e índio, Não é prioridade!
Colunistas
Opará
A UNEB (universidade do Estado da Bahia) SOLICITOU O GRANDE HOTEL ABANDONADO DA CHESF PARA AMPLIAR SUAS INSTALAÇÕES e sediar o Centro de Pesquisas em Etnicidades, Movimentos Sociais e Educação - OPARÁ, Centro de Arqueologia e Antropologia de Paulo Afonso - CAAPA, as Licenciaturas Indígenas, os auditórios, os Laboratórios, a Pós Graduação. O restaurante Universitário, a residência estudantil e de professores. Com o processo de negociação em curso, inclusive com o governo Federal apontando a doação de sua porcentagem e a CHESF afirmando que estava conversando com o Conselho a proposta da Universidade, nos deparamos com a entrevista publicada pela Folha Sertaneja: participação de Fábio Salvador, da RBN (Rádio Bahia Nordeste) e o Grande Hotel, como fica?
Presidente da Chesf - O Grande Hotel que é 51 por cento da CHESF e 49 por cento da União poderá ser um Hotel Escola do SENAC como estamos vendo com a Prefeitura a depender da negociação da Prefeitura de Paulo Afonso com o Governo da Bahia. Ou ser um núcleo da UNEB para ser uma Escola para os índios. A região é tão bonita que seria bom que houvesse esse interesse do SENAC e a Escola para os índios seria construída em outro terreno, também doado pela Chesf. (http://www.folhasertaneja.com.br/…/presidente-da-chesf-diz-….)
Lideranças e estudantes Indígenas extremamente chateados diante desta nova informação me questionaram qual seria o posicionamento da gestão da UNEB. Não falei sobre este assunto com o reitor ainda nem com a diretora do Campus, mas acredito que devem continuar batalhando pelo pleito. Eu, entretanto, digo aos indígenas e outras categorias envolvidas na luta que Poulantzas trabalha a ideia de que o Estado não é um sujeito com vontade autônoma, nem é apenas um instrumento da classe dominante, mas é também uma condensação material das relações de forças, uma arena de lutas de classes um campo de batalhas estratégico. A UNIVERSIDADE é Estado! Também uma arena de lutas de classes. A Universidade tem sua função no Projeto do Estado das Classes dominantes, cabe aos dominados, usar, transformar de dentro pra fora, de fora pra dentro, ocupar este espaço, direcionar, instrumentalizar para nossa luta.
Há quem defenda uma Universidade "APOLÍTICA" como se isto fosse possível em qualquer âmbito da vida! A Universidade é política, tem lado, tem direção, tem propósito e muito destes propósitos estão bastante claros neste modelo de sociedade. Se hoje os negros, os índios, os trabalhadores rurais, camponeses, estão neste espaço não foi por vontade de uma gestão governamental ou da classe dominante, ou mesmo dos governos. Estão lá porque conquistaram este espaço na arena de lutas de classes, na história e a partir dos Movimentos sociais e étnicos estão conduzindo e forçando mudanças importantes para o Ensino Superior.
Os empobrecidos ocupando a Universidade incomodou e incomoda a elite, que está agoniada porque seus filhos estão sendo obrigados a ter como colegas nos cursos de medicina, direito, engenharias (espaço historicamente ocupado por eles), os negros, os camponeses e os índios, Por isso não querem dar atenção merecida a um Projeto de ampliação dos laboratórios, da Pós graduação e Centros de Pesquisas para a UNEB atender com a qualidade de um Centro Superior de Excelência aos pobres, aos índios e aos negros. Para que? Já dizia o senhor presidente da CHESF “Doar um terreno é o suficiente para construir "uma escola para índios.”
O bom de tudo isso é que sabemos que a construção de uma Universidade que reflita de fato os interesses dos Povos indígenas, negros, camponeses, operários... não virá nem do Estado da classe dominante, nem daqueles que representam este Estado, mas da nossa luta de classes que é travada no interior dele. Eu só acredito que é possível porque esta BANDEIRA é nossa.